Igualdade Genérica



Em tempo de grandes mudanças sociais, no que diz respeito à igualdade entre géneros, importa reflectir sobre os campos em que estas mudanças estão a ocorrer.
Se esta semana passou a ser obrigatório, para as novas mulheres do nosso país, comparecerem à chamada para a parada anual da Defesa Nacional, em simultâneo, a maioria destas mesmas mulheres ainda não se sente livre da pressão social que lhes permitiria, sem qualquer hesitação, serem capazes de actos tão banais como tomar a iniciativa de convidar um homem para um primeiro encontro.
Não estará esta igualdade entre géneros a assumir contornos demasiado genéricos ao invés de gerais?
Senão vejamos, apesar da tão reivindicada igualdade de direitos na sociedade civil(direito ao divórcio, salário equivalente ou o acesso a cargos públicos - muitas vezes de forma artificial para satisfazer quotas) e no meio militar(Portugal é o país europeu com maior integração de mulheres nos quadros militares), continua a recair no homem a responsabilidade, socialmente aceite de forma generalizada, da iniciativa de aproximação ou de uma primeira abordagem ao sexo oposto.
Na realidade a pressão social para que a mulher seja o elemento passivo numa relação é apenas ultrapassada pela pressão que recai sobre o homem que não dá o primeiro passo.
No tempo dos nossos avós, tinha lógica ser o homem a convidar para sair, jantar, cinema, teatro, eram eles, os homens, quem ganhava dinheiro para sustentar as famílias e eram elas que se ocupavam das lides domésticas.
Hoje, todos trabalhamos, e salvo alguns homens que me envergonham, todos cumprimos as obrigações domésticas, não estará na hora de as mulheres assumirem os direitos conquistados na sua plenitude?
E não me venham falar em cavalheirismo, dar o lugar nos transportes públicos, primazia na passagem ou abrir a porta, é uma questão de cortesia e simpatia e não se aplica apenas às mulheres...
Para terminar, NÃO, uma mulher que toma a iniciativa não é puta, é uma mulher decidida, característica bastante apreciada e rara nos dias que correm...